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Revista do O Globo traz tênis de mesa da Hebraica em destaque

O jornal “O Globo” dedicou 4 páginas ao nosso tênis de mesa. A reportagem foi feita nos clubes Hebraica e Nikkei e contou com vários atletas.
Quarta-feira de uma noite quente de verão no Rio. Mesmo assim, pelo menos 20 pessoas estão há horas trancafiadas numa sala do Clube Hebraica, em Laranjeiras, sem qualquer ventilador.O que soa como tortura, no entanto, é só diversão para os cerca de 50 alunos que vão até lá, semanalmente, jogar tênis de mesa.
A mania que anda conquistando adeptos por aqui já fisgou muita gente mundo afora, principalmente em Nova York, onde as mesas brotam em bares, boates e galerias de arte. No bairro de Meatpacking, pessoas influentes, chiques e famosas aparecem para se arriscar em torneios esporádicos. Entre os rostinhos de Hollywood que já foram flagrados batendo uma bolinha estão os atores Susan Sarandon e Edward Norton.
— É um esporte olímpico, que exige disciplina e concentração — diz o engenheiro Leonardo Bottini, um dos que treinam na Hebraica.
— Além de tudo, é muito democrático. No tênis de mesa, é possível um homem de 40 anos vencer um jovem de 18.
A professora de língua japonesa Rosa Yoshiko, de 63 anos, é um exemplo disso. Pelo menos duas vezes por semana, ela se dedica a dar raquetadas por horas seguidas, seja na Hebraica, seja na Associação Nikkei, no Cosme Velho, outro local que oferece aulas de Tênis de Mesa no Rio. O esporte, que no início serviu como fisioterapia para a recuperação de um câncer de mama, virou coisa séria e ela dá banho em muito garotão desavisado com quem divide a mesa.
— Tinha que me exercitar mas, no começo, não conseguia segurar a raquete por dez minutos. Mas fui treinando, treinando e agora chegou a minha vez — comemora, recuperada. Quando voltou de seu primeiro doutorado nos Estados Unidos, o físico Nami Svaiter estava bem acima de seu peso. Levou um puxão de orelhas do médico, que lhe recomendou exercícios. Foi quando ele começou a jogar tênis de mesa e, em pouco tempo, já estava 15 quilos mais magro. Hoje, o esporte continua sendo a única atividade física que ele pratica com regularidade. Duas vezes por semana, Nami treina por uma hora e meia na Hebraica, com um personal trainner. Nos dias de treino, seus alunos de doutorado do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas já sabem: às 18h em ponto, é hora de dar tchau ao professor.
— Eles sabem que o meu treino é sagrado — afirma o professor. — O tênis de mesa é o xadrez em movimento.Contribui para a coordenação motora, para a concentração, a disciplina e o desenvolvimento de estratégia.O personal trainner de Nami, Enock Gomes, assina embaixo:
— Embora não pareça, é um esporte que exige muito treinamento e concentração, mas que não dá um resultado tão rápido quanto o de uma academia — reconhece.
— Aqui, o treino se assemelha ao de corredores.O atleta vai treinar um ano para melhorar milésimos de segundos. Depois de três meses de treinos coletivos na Hebraica, o músico Leandro Caputti não resistiu e comprou sua própria mesa, oficial, instalada no playground de seu prédio, na Lagoa. Quando dá vontade, é só pegar o elevador e jogar. Alguns amigos, claro, estranharam sua nova aquisição. Mas ele não está nem aí:
— Como não temos a cultura do tênis de mesa, as pessoas acham engraçado.Mas é o esporte mais popular na China e o segundo mais famoso no Japão — explica.
— Para mim, é uma terapia. Tem gente que gosta de puxar ferro. Eu gosto de bater bolinha.Mais do que aproximar amigos, o esporte aproxima gerações.
A atual campeã carioca de intercolegiais, Kely Takenura, de 18 anos, tem a mesma treinadora desde que começou a jogar, aos 6 anos: sua avó, Hideco, de 57.Duas vezes por semana, elas trabalham pesado entre 17h e 22h, num centro de treinamento montado pela família num salão de festas em Ramos. Além disso, sempre que têm uma folguinha, elas batem cartão na associação do Cosme Velho para jogar com outros três integrantes da comunidade japonesa.
— Mais do que a competição, o legal são as amizades que a gente faz e a experiência que a gente adquire — conta Kely, deixando escapar que também gosta da fama pelas vitórias alcançadas nos torneios amadores — Sou popular no meio. Criado no Reino Unido no século XIX, o tênis de mesa parecia ter caído no esquecimento por aqui ou virado coisa só de profissional.Um dos nossos principais mesatenistas é Hugo Hoyama, que se tornou o maior medalhista de ouro do país em jogos pan-americanos, ultrapassando em uma as oito medalhas do nadador Gustavo Borges.
Extraído do jornal “O Globo” de 08/02/09

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